2006-03-18

Pedro e Inês


Pedro sentou-se, tranquilamente sobre um tronco deixado cair do plátano que lhe dava sombra.
Abriu, despreocupadamente, um livro de P. Paixão sem saber qual o título.
Isso que lhe importava!
Todos são o seu modo de escrita
Todos são feitos de frases que lhe passaram pelos olhos da alma e que, timidamente, guardou em lugar seguro.
Duma janela troca-se o som de David Brubeck pela brisa perfumada do parque.
Inês acaba de tomar banho e ainda com o cabelo molhado envolto pela tolha, reconhece no espelho do quarto uma cara de suprema felicidade. A sua boca sabia ainda ao corpo de Pedro. Uma mistura de doce e salgado, a alfazema do seu perfume e o suor da paixão.
Pedro esperava que Inês o chamasse para a mesa posta na varanda. Saboreava ainda a mistura de doce e de salgado, do bergamo do perfume e do suor da paixão, que a sua boca transportava da noite anterior.
Esse sabor deu-lhe um sorriso que se projecta na moldura em ogiva da janela coberta por heras.
Inês, da janela do quarto, vislumbra Pedro e os seus olhares, tão longinquamente perto, cruzam-se com a mesma paixão de outro Pedro e de outra Inês, de uma paixão tão intensamente vivida, paixão de lágrimas, de sangue , de morte.

1 Comments:

Blogger João Castela Cravo said...

Agora acho que vai certo...

Esta é realmente uma das minhas prefereridas! Mas voltarei...

grande abraço

21 março, 2006 13:13  

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