É nestes lugares que habitas

É nestes lugares que habitas e te deleitas com as cordas que vibram e te levam para além de sonoridades inexplicáveis.
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VIVE-SE, VÊ-SE, SENTE-SE EM CADA MOMENTO COM DIFERENTES ESTADOS DA ALMA. O QUE VOS DOU É O SENTIR DESSES MOMENTOS QUE NAVEGAM EM TODOS OS MARES, FLUTUAM COM TODOS OS VENTOS, SEMEIAM-SE EM TODAS AS TERRAS. O QUE VOS DOU SÃO IMAGENS, PALAVRAS, SONS QUE SE FIXAM NUMA CÂMARA, NUMA ESCRITA, NUM INSTRUMENTO. NÃO ME PEÇAM MAIS!
A neve tinha começado a cair e pousava, ao de leve, nas folhas das árvores e a neblina, antes tão densa, começava a desvanecer. Sentia um frio exterior mas, por dentro estava quente perante esta paisagem e o esforço da subida. Aqui encontrei a calma e o mistério que esconde os segredos dos encontros furtuítos de outros tempos. Tempos em que o tempo corria com a lentidão do prazer de olhar.
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Nas cidades as grandes csasa fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
“Guardador de rebanhos” – Alberto Caeiro
Vi-te sair de um pôr do sol sobre as ilhas.
O teu corpo dourado passou por entre nuvens brancas,
nuvens carregadas dum negro cinza como aço de uma espada.
Lavaste os olhos no mar plumbeo e tingiste-o no verde da tua irís.
De entre as ilhas o som das ondas fundiu-se com a tua canção de embalar
com que aconchegaste o sono leve deste dia.
E o Sol,
estendido no leito verde do mar,
adormeceu.